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Rita Patron

Italo Calvino e a imagem das cidades

Atualizado: 7 de out. de 2021

A obra Cidades Invisíveis, do escritor italiano Italo Calvino, tem sido muito utilizada em salas de aula em todo o mundo como instrumento de reflexão sobre o fenômeno urbano, além de instigar um olhar crítico sobre a cidade por parte dos alunos.



Enquanto diferentes cidades são descritas, a primeira lição que podemos tirar do livro é que cada uma delas é única na sua própria essência, paisagem e construção do espaço. Em meio a esta viagem que nos ensina a enxergar conceitos como memória e simbolismo na materialização do espaço urbano, nos damos conta que a cidade é muito mais que a simples construção física, mas que é feita, sobre tudo, de matéria impalpável, como relações, percepções e memórias que, ao longo do tempo, constroem uma identidade e uma imagem. A imagem das cidades.

"Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfouladuras."

A narrativa visual da arquitetura em sala de aula


O trabalho criativo na arquitetura requer estabelecer uma relação particular com o espaço, e compor um repertório de conceitos e embasamentos introdutórios, inerentes à morfologia, faz parte do processo de aprendizado da disciplina.


As palavras e imagens descrevem as experiências construídas entre os anos de 2014 e 2017 na disciplina de Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo 3 da Universidade Positivo. Os trabalhos realizados foram experimentos de diferentes formas de leituras teóricas e históricas através da comunicação visual.


A construção da cidade imaginária de Zenobia, descrita no livro de Calvino, tinha como desafio transpor o limite textual, e partir para a visualização real. O processo de criação de uma cidade factível de existir, passou a ser interpretado e materializado pelos alunos. O processo de leitura, interpretação, concepção e desenho fez com que a visualização e assimilação espacial se tornasse algo mais palpável por eles.



A proposta aqui procura romper com a metodologia tradicional da sala de aula, para dar maior protagonismo ao aluno, e permitir que a busca e o intercâmbio entre todos, sejam as ferramentas para o desenvolvimento do conhecimento.


As ilustrações dos lugares descritos por Calvino são imagéticas, porque adotam elementos da construção da imagem, tomando como variável a narração visual.

"Os olhos não veem coisas mas figuras de coisas que significam outras coisas"

A atividade se executa em três etapas, sendo a primeira aquela na qual os alunos escolhem uma das cidades descritas no livro e se aprofundam em bibliografias sobre imagem, cidade e espaço dentro de uma perspectiva contemporânea; na segunda etapa, os universitários realizam uma composição do mapa conceitual e do fluxograma da cidade; na terceira e última etapa, os estudantes criam uma imagem virtual da cidade a partir da construção digital dos sítios descritos e da percepção dos integrantes sobre a mesma.



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