top of page
  • Adriel Henrique

Selly Raby Kane, um novo olhar sobre a moda africana

Atualizado: 20 de out. de 2022

Aos oito anos, Selly Raby Kane teve seu nome estampado em um jornal, ao qual mais tarde foi convidada a fazer parte da redação por ser uma criança ativista pelos direitos da infância em sua cidade natal, Dakar, no Senegal.


Fonte: https://sellyrabykane.com/about-2/

Aos 16 anos, Kane representou o Senegal na sessão extraordinária para o direito das crianças na sede da ONU, em Nova York; aos 28 anos foi nomeada como uma dos 500 jovens africanos com capacidade de impactar seu entorno, concorrendo a uma bolsa de estudos nos Estados Unidos.


Kane chegou a planejar uma carreira como advogada e mudando-se para Paris, mas em um determinado momento ela começou a desenhar, e aquele desenho se transformou em um vestido, que posteriormente se tornou parte de uma coleção. Quando se deu conta, já estava trabalhando com a moda, que se revelou sua grade paixão.


De advogada a estilista

A abordagem de Kane no mundo da moda nasce do desejo de reafirmar uma identidade africana cosmopolita, influenciada pela sua experiência pessoal dos anos que viveu no exterior. Após estudar na França, retornou ao Senegal em 2009 e desde então viaja de um lado para outro dos EUA, onde estabeleceu um ateliê e, em 2015, foi uma das recebedoras da Mandela Washington Fellowship. Em 2018, abriu sua primeira loja no distrito de Sacré Cœur III de Dakar.


Fonte: https://www.afronoire.com/archives/dakar-city-of-birds-by-selly-raby-kane

Esses anos fora do Senegal foram fundamentais para sua carreira na moda: em Paris, ela deixou a faculdade de direito para se matricular na escola de moda Mod'Spe e trabalhar em sua primeira linha de roupas, lançada em 2008. Hoje, ela é uma das designers mais apreciadas do Senegal, seu país de origem, e no exterior.


Processo criativo

O objetivo de Kane sempre foi criar estilos que se referissem à “identidade visual incomparável” de Dakar dando forma e vida a um universo de criaturas fantásticas. Todo esse repertorio futurístico foi herdado do seu pai, que lhe a introduziu no mundo da ficção científica das fantasias. De fato, Kane se expressa através de elementos de mundos estranhos e fantásticos, onde o desconhecido se torna familiar e os opostos se reúnem em configurações excêntricas de alfaiataria.


Fonte: https://www.bellanaija.com/2016/04/selly-raby-kanes-fallwinter-2016-2017-heavely-embroidered-ready-to-wear-collection/

Kane afirma que sua incursão na moda foi motivada pelo desejo de diversificar a uniformidade do prêt-à-porter (do francês "pronto a vestir") e defender um tipo de estética "bizarra" que não foge do padrão da aparência convencional.


Em uma entrevista em vídeo, publicada no Design Indaba, explica que gosta de criar desenhos de ficção científica que surpreendam o seu público e os forcem a pensar de maneira diferente o utilizo de suas roupas: “Quando apresento uma coleção, quero que as pessoas mergulhem em um universo, quero elas mergulhem em uma história, e eu quero que eles se sintam em um espaço fora do tempo”. Seu trabalho representa o contato transcultural entre o indivíduo e a peça, ressaltando em suas coleções a mistura de influências culturais junto ao místico e ao mundo das fantasias, a sua grande paixão.


Fonte: https://www.bellanaijastyle.com/selly-raby-kane-sengalese-style/

Suas coleções possuem uma estética de vanguarda que se baseiam em influências díspares, incluindo ficção científica, surrealismo e natureza, usando estampa de cera, cabelo falso, PVC, couro e jeans. Todos esses elementos podem ser traduzidos como uma mistura cultural, pois fundem diversas técnicas de aplicação, tecidos e elementos estilísticos para criar uma identidade cosmopolita e, em primeiro plano, sua origem senegalesa. Significativamente, Selly descreve suas linhas de roupas como um "origami de culturas".


Kane trouxe um novo olhar sobre a moda africana, expondo seus conceitos e sua identidade, mostrando ser possível sair da zona de conforto e conquistar o mundo, independente de onde você esteja.

bottom of page